quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Médicos questionam validade da vacina contra pneumonia adotada pelo governo -- que será gratuita em 2010

A escolha da vacina Synflorix, que protege contra a bactéria pneumococo, pelo Ministério da Saúde, tem gerado uma série de debates entre infectologistas e pediatras. Ela vai ser dada em crianças até um ano em 2010 pelo SUS, mas os médicos questionam a decisão. O primeiro problema é que essa vacina é nova e ainda não foi submetida a aprovação pelo FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA). Também não foi incluída em nenhum outro calendário oficial - apenas no Brasil. Ela, que é produzida pela GSK (GlaxoSmithKline), foi aprovada pelo Emea (agência europeia) em março e por mais 33 países. Assim pode ser comercializada apenas em consultórios privados. No Brasil a aprovação ocorreu em junho. O segundo motivo é que ela não tem efeito comprovado contra o tipo mais comum de pneumonia (chamada de pneumonia não invasiva). Ela também usa uma proteína carreadora (D), necessária em vacinas conjugadas, que, segundo os médicos, não é utilizada em nenhuma outra vacina já fabricada. "Ela tem um carreador novo, que nunca foi testado, e ainda não sabemos a capacidade de resposta que vai ter nas crianças", diz Luiza Helena Falleiros, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP). Hoje a única vacina disponível no Brasil é a Prevenar 7-valente, da Wyeth, contra 7 sorotipos. Ela está no mercado há 9 anos. São indicadas 4 doses e cada uma custa, em média, R$ 250 na rede privada. Ela é distribuída gratuitamente nos Cries (Centros de Imunobiológicos Especiais) em alguns casos especiais, como crianças prematuras e com síndrome de Down, por exemplo. "Dessa vacina (7-valente) são conhecidos os resultados e a eficácia, mas não dá para esperar que a aprovada pelo governo tenha o mesmo desempenho. Faltam estudos", afirma Luiza. A GSK diz que está fazendo um estudo na América Latina. A Wyeth produziu uma nova vacina, a 13-valente (contra 13 sorotipos), que vai substituir a anterior. Ela aguarda aprovação da Anvisa e do FDA. "Claro que é importante ter uma vacina contra o pneumococo no nosso programa nacional de imunizações, mas precisamos questionar a validade disso", diz Ana Lúcia Andrade, epidemiologista, do departamento de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Goiás (GO). O que você pode fazer Como a vacina da GSK ainda não está no mercado, quem pode pagar pela vacina Prevenar deve fazer. E se o seu filho já começou a tomar a vacina, termine o esquema de doses. "Quando a vacina da GSK estiver disponível, o pediatra vai poder indicar para os pais qual a melhor opção e, se for o caso, pagar para vacinar", afirma Marcos Lago, pediatra e infectologista do departamento de pediatria da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (RJ).

Um comentário:

  1. Acho ótimo que se tenha uma segunda opção, e que é claro seje bancada pelo SUS nada mais justo já que pagamos tantos impostos até a Prevenar deveria ser gratuita para todos. É um absurdo termos que bancar uma vacina que custa R$260,00 cada dose. Saúde é responsabilidade do governo. Estou indignada pois meu filho já teve 4 pneumonias e precisa urgente toma a Prevenar, mas não tenho condições de pagar e na Unicamp nunca tem faz 5 meses que estou esperando chegar e nada onde fica a responsabilidade do governo????

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